terça-feira, 29 de julho de 2008

Voltam-se a fazer malas . . . Cheira a regresso

Quarta-feira, 20 de Junho de 2007

Fazem-se as malas

O ambiente é de alegria mas paira no ar uma ameaça de tristeza.


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Dinsdag 29 de Julho de 2008

Voltam-se a fazer as malas

O ambiente é de dever cumprido. Cumprido, mas esta etapa difícil fica para trás e outra aí vem. O saldo é fácil de fazer e positivo. Um semestre na Dinamarca e seis meses aqui na Holanda é tempo de voltar e aproveitar os últimos dias de agosto, junto dos amigos que falam e riem em Português. Estar com as pessoas que nos abraçam e beijam em Português e que nos dizem Bom Dia pela manhã com um sorriso tradicional português.

É impossivel não sentir o que senti há um ano atrás quando também escrevia para fechar mais um capítulo. Agora é diferente. . . foi bom, mas não foi tão bom. Em 2007 fui caloiro da SDU e da europa descoberta por mim só.

Agora em 2008 já havia muitas curiosidades que não eram novas nem os objectivos eram os mesmo. Concerteza me esbarrei em contratempos novos e úteis. Aprendi e vi coisas más na Holanda e coisas boas, como em todos os países....

Neste ano de 2008 que agora chega a meio, aprendi mais a gostar da Dinamarca . . . mais das pessoas e dos sítios onde estamos do que aqueles que queremos ter visitado. Muitos correm de cidade em cidade, de país em país em jeito de colecção de cromos para a caderneta da Pannini. Cada um sabe e saberá de si e eu sei e saberei de mim e das minhas estadias onde gosto de conhecer o dia a dia e não a correria para a fotografia ao lado da estátua ou da tabuleta. É bom visitar as pessoas que nos rodeiam e conhece-las em troca da fotografia no sítio turistico para depois mostrar aos amigos.

Os primeiros tempos aqui na Holanda foram bastante caseiros e realmente aborrecidamente chatos no que toca aos fins de semana. A casa do Egbert não ajudou sem dúvida, e a frieza inicial dutch é difícil de derreter e conquistar amizades.

Dia após dias levantei-me cheio de alegria e desejei bom dia pessoa a pessoa no meu piso na KEMA. Muitas vezes não obtive resposta e muitas outras ouvi uma resposta indiferente de quem não desvia o olhar do ecran. Quando a inteligência não é suficiente a presistência é a ciência. Continuei dia após dia a desejar bom dia e boa tarde. Primeiro em inglês e com o tempo passei a faze-lo no meu não muito famoso holandês.

Pouco a pouco as respostas foram melhorando e o gelo derrentendo. Ao fim de alguns meses perguntaram-me pela manhã quanto mais tempo eu ia cá ficar . . . A bela atitude do gajo que se está a marimbar pro estagiário que só aqui vai estar umas semanas . . . :( Expliquei serenamente e maquiavélicamente que estaria por bastante mais tempo e desse gabinete passei a ter mais disponibilidade. . . Gostava de questionar às pessoas que pensam assim tão egoistamente o que esperam das pessoas locais quando vão de férias . . . afinal férias é só por um punhado de dias.

Seis meses na KEMA não foram suficientes para ganhar a confiança das pessoas à minha volta. Pelo menos não te todas. A prova que a culpa não é exclusivamente minha é a amizade com duas pessoas que se cruzaram momentaneamente comigo na KEMA e das quais espero e confio ter uma amizade a construir. Amizades internacionais são algo recente para mim, fáceis de fazer mas complicadas e caras de manter. Depois da Dinamarca, já lá vai um ano, tenho me esforçado bastante para não perder o contacto e me continuar a sentir proximo dos muitos amigos que por lá fiz. Fui a Espanha, à Hungria, à Dinamarca, Alemanha e até aqui na Holanda estive com amigos que fiz em Odense. Telefonei nos anos, e enviei um ou outro postal. Mandei e-mails e falei online.
A lista era enorme e muitos ainda cá continuam e vou fazer porque que fiquem. A essa lista adiciono agora mais um punhado de eleitos. São poucos, mas são especiais e por isso são eleitos.

Desenganem-se se estavam à espera de ver nomes. Mesmo sabendo exactamente de quem falo, não os escrevo, porque isto é apenas um blog e não o meu livro de instruções. Tenho medo que me roubem a cara e a impressão digital e que vivam a minha vida ! :P

O estágio, foi sem dúvida excelente muito proveitoso ! A KEMA é uma empresa que vive uma situação financeira excelente e tão próspera que o único medo é o que virá a seguir. Para se ter um pico, é necessário que haja um fosso em seguida. A questão é quando será esse fosso. :) Neste momento é sempre a subir e a gastar dinheiro! Escritórios em diversos países e continentes, projectos em tudo que é lado. Podia aqui usar o marketing e falar nas ilhas do mundo no Dubai, ou na linha de 1200 km em DC com a qual a China resolveu desafiar as leis da física e a KEMA se comprometeu a ajudar. . . mas não tenho muita paciência. Acreditem só . . . há coisas na KEMA que deixam qualquer engenheiro no mundo espantado e motivado para se juntar à equipa.

Nestes seis meses, conduzi diáriamente a minha super bicicleta e muitos km ficaram para trás ente a casa e a KEMA e as voltinhas para o centro da cidade. Também para trás fica uma bicicleta arranjada uma vez e dada como perdida à segunda. Nenhuma das vezes me chamaram a atenção por destruir a bicicleta. Da primeira vez o suspiro final foi à entrada do Business Park e tive que chegar com ela à mão com a roda de trás colapsada e o pneu estraçalhado. Tive direito a bicicleta de substituição ! "PETÁCULO !" :D

Bicicleta alugada é o mesmo que carro alugado. É pra andar a fundo e fazer piascas!! Resultado.. bati o meu record de velocidade instânea (55Km/h) e fiz 4.5km em pouco mais de cinco minutos . . . mesmo sendo a descer há suspeita que o velocímetro não tenha funcionado bem. O importante é que a bicicleta aguentou até vir a minha primeira bicicleta (bem mais pesada e menos desportiva). A roda da frente veio na mesma, mas a roda de trás com as mudanças (por cá o sistema de mudanças é diferente - e semelhante ao usado na dinamarca) foi completamente substituida. Rápidamente voltei a sentir o ponto de ressonância cada vez mais fácilmente e ao fim de três semanas percebi que a bicicleta iria morrer nas minhas mãos. Reduzi andamento, e passei a evitar os obstáculos. De dia para dia a bicicleta vibrava mais e decidi deixar de me amarrar aos camiões e apanhar boleia amarrado ao carro com o Imre.

O meu dia de sorte chegou, quando o Will me disse que no dia seguinte tinha de deixar a chave na recepção (sim a bicicleta tem chave para o cadeado nórdico). No fim do dia não tinha bicicleta e o Will perguntou-me se eu tinha senhas de autocarro, porque a minha bicicleta tinha sido eleita para abate !!! Daí a três dias, tinha uma bicicleta novinha em folha com outra matrícula pronta a ser testada por mim. Com dois meses pela frente, e certo que não podia continuar a dar o mesmo uso à bicicleta prometi a mim mesmo que não iria subir passeios e ia evitar andar com alguém pendurado na bicicleta. Hoje não andei com ninguém atrás. :)


Para as contas finais no balanço de seis meses têm que entrar o mercado imobiliário em Arnhem. Não faltam casas e quartos para alugar, mas mesmo assim os preços são puxados. Pagar por um quarto, numa casa velha e de estudantes o que era suficiente para pagar um T3 em Portugal é algo que mostra como as regras do mercado podem ser crueis e desfavoraveis ao consumidor.

Valeu a pena, e se 2007 foi inesquecivel e marcante, 2008 começou em Budapest e extendeu-se por seis meses na Holanda com direito a uma mágica visita a Odense, a cidade onde tudo isto começou.

Seis meses onde muito aprendi, e muito espero ter capitalizado, o que parece acontecer com a última proposta de emprego para a VESTAS. :) VESTAS é tão só uma grande empresa que eu tive a excepcional experiência de visitar o centro de investigação e qualidade em Aarhus na Dinamarca e que tem escritórios em Portugal. Amavelmente, alguém se lembrou de mim para ir para Zaragoça, proposta que recusei face à decisão já tomada de fazer o mestrado.


A viagem de regresso não é fácil. De Arnhem a Eindhoven vou ter que ir de comboio. O avião parte cedo e tenho que apanhar o primeiro comboio da manhã que parte uns minutos antes das 6:OOam. Tenho uma mochila ultra pesada, uma bagagem de porão com 12,5Kg para disfarçar e uma mala "de mão" com toneladas. Tenho ainda que conseguir segurar o meu gigante mapa mundo :)) . O caminho de casa à estação será qualquer coisa como 1,5km feitos a descer. Habitualmente esta distância é feita num piscar de olhos pois se para baixo todos os santos ajuda, de bicicleta é mesmo um tirinho. Fatalmente, a bicicleta já foi devolvida ontem e hoje chove a confirmar que ainda estou na Holanda. Chego à estação e o comboio espera por mim. Este comboio velho não me levará a Eindhoven. Terei que fazer transborno para outro numa estação, sensivelmente a meio do caminho, coisa que é feita sem problemas nem sobressaltos.
Chegado ao destino, à que continar o regresso apanhando o autocarro que vai para o aeroporto. Tenho que correr na frente do autocarro para ter certeza que o motorista não arranca. Eventualmente abrir-me-á a porta quando a alcançar. Confirmo com ele que as minhas senhas são válidas, ao que me afirma positivamente mostrando-me que não achou piada eu ter-lhe barrado o caminho. Duas malas, uma mochila e um mapa são de todo impossíveis de carregar dentro do autocarro. Arrasto a minha carga materialista até meio do autocarro e sento-me. pensando na sorte que acabo de ter de apanhar o autocarro. Nem dois minutos depois olho pelo lado esquerdo do autocarro e vejo que estamos lado a lado com uma enorme e moderna construção. Inconsicentemente volto os olhos para ler o nome da paragem da qual estamos prestes a abalar. O sol já nasceu, apenas porque é verão.O relógio ainda aponta para a hora de estar na cama e o meu cérebro ainda se encontra no regime de turnos e os neurónios não estão todos ao serviço. Leio "Airport" na placa de autocarro e tenho que confidenciar que "paniquei". Mas que porra, não fazia a mínima ideia que o aeroporto era tão perto da estação de comboios. Digo ao motorista que me deixe sair e que volte a esperar por mim e pelo "cargo" que tenho que transportar. Toda a agente no autocarro se delicia com a minha saga para me atirar do autocarro fora com duas malas que não passam à boa sobretudo se uma das mãos está a segura o meu precioso mapa!! Vejo-me cá fora e um neurónio que já está com horas extras a mais congratula-se de ter saído naquela paragem e não ter que ter saido na seguinte !!! Os restantes unem-se para me explicar que acabo de sair no estádio do AJAX e que a parem é a paragem do autocarro que vai para ... imaginem lá.... pois... para a merda do "airport" como diz no raio da placa !! Estava eu no caminho certo, no horário certo, quando após acto de estupidez matinal me vejo sentado em frente ao estádio do AJAX sem saber onde raio estou. Taxi, pé ou esperar pelo autocarro seguinte são as hipóteses. Tento analisar os papeis que tenho e verifico horários. A paragem tem uma placa electrónica que mostra os minutos para o próximo autocarro. Como pode ser apenas o horário do autocarro e não o tempo real para o mesmo chegar, pondero o taxi, opção que excluo pois para apanhar um taxi é preciso ou saber o número da central, ou ver um.

O tempo passa, contas re-feitas, e tenho a certeza que mais um momento infeliz como este e perco o avião. Se o autocarro não chegar à hora prevista no placard estou em sarilhos, coisa que não acontece. :)

O autocarro seguinte está ainda mais cheio e sento-me num dos primeiros lugares, junto da porta por falta de alternativas. Ao meu lado está um rapaz que indago na esperança de anular mais um salto destempado do autocarro. Ele diz-me que também vai para o "airport" e que eu não o posso deixar de ver. Garante-me que é mesmo fácil !! Rio-me silenciosamente da minha imbecilidade há momentos e que ele desconhece.

O autocarro abranda e eu confirmo que era mesmo impossível passar o aeroporto sem o ver. O autocarro para junto da entrada e está na hora de carregar a tralha para fora do BUS e confirmar que é mesmo este o aeroporto onde a Ryanair opera. Não que eu não tenha verificado, mas nunca se sabe e lá no fundo do sub-consciente há esse medo de ter de um momento para outro ter que improvisar o meu regresso.

Antes do check in ainda ofereço dois capri-sun a um casal que está na fila atrás de mim e ponderam ir buscar bebidas a uma máquina que possa existir ali nas imediações.

Embarco no avião com destino a Valência. Podia ter sido Barcelona ou Madrid. Resolvi arriscar Valência porque se o avião não se atrasar, consigo não ficar muito tempo à espera pelo segundo voo. Arrisquei bem, sei agora porque se tivesse escolhido Madrid teria muito provavelmente ficado no aeroporto porque nesse dia a SPAINAIR foi notícia no mundo.

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