Vinte minutos depois de dar à pata lá chegámos ao palácio da Veronique onde o quarto dela tem a mesma àrea que duas cozinhas e o meu quarto juntos da casa do Egbert. Hoje estão cá duas amigas Francesas. O jantar foi um bocado próximo do almoço, mas foi divertido e valeu a pena. No fim, e depois de dois cafés já, fomos beber uma cerveja ao centro. Com bastantee dificuldade lá encontrámos uma amiga Chinesa, da amiga Francesa, que mais parece Chinesa. A amiga da amiga tem um namorado que é Chinês, mas tem nacionalidade Holandesa. Confuso ? – Não interessa. : )
O comboio de amanha, no qual já viajo, parte às 9:58 e nós já vamos no terceiro bar. Despeço-me de todos e vou para casa sem antes ir à polícia que costuma estar na praça central com dois cavalos. Faço uma festa e fico com a certeza que os cavalos gostam que lhes façam festas no focinho. Vou para casa que não é a mais de 10 minutos por entre as leves pingas que caiem. Vou em passo ligeiro, porque na Austrália corre-se dentro em breve o primeiro grande prémio da temporada. Só estanco, e solto um mal dizer tipicamente português, quando quatro mânfios passam por mim no passeio contrário. Vão em grande alegria a cantar a Garagem da Vizinha e só podem ser portugueses está claro. Dez minutos de conversa e um abraço duma das duas miudas só porque digo que estudo no Porto como ela. Os outros são dois alentejanos e o que falta, falta mesmo porque já não me lembro. :P Dou o meu número holandês e vou para casa que amanha tenho um jantar em Fafe. :)
A luz entra pelo quarto atravessando a opaca curtina branca. O despertador ainda não tocou e é sinal de ansiedade. Levanto-me, desta cama onde agora escrevo, tomo banho e vou em direcção à Central Station. Comigo apenas levo o portátil na mochila e uma mala para bagagem de mão. Não vai muito pesada, mas decidi levar para poder deixar algumas camisolas já em portugal e poupar aglum volume para a viagem de regresso final. Assim, à vinda pude também trazer uns doces de gema para a malta da KEMA. A viagem termina no próprio dia, mas não se advinhava fácil. Como me levantei mais cedo, resolvi alterar os planos e apanhar o comboio anterior. Porque não custa nada perguntar - embora nem sempre seja fácil, claro - vou ao balcão e explico que quero alterar o meu plano e vou apanhar o comboio anterior para me certificar que as ligações se mantêm. É nesta altura que a primeira surpresa surge, pois um troço da linha de comboios está em obras apenas hoje e terei de fazer transbordo para autocarros que a CP cá do sítio disponiblizará. Justamente à conta deste imprevisto, apanhar o comboio previsto ou o anterior dará no mesmo porque só ao meio dia terei o tal autocarro de transbordo. Enquanto esperava pelo dito autocarro tive o prazer de conhecer a espanhola com o melhor e mais british sotaque que me declarou espanhol pela minha pronúncia. Expliquei-lhe que era orgulhosamente Tuga e ela pediu-me desculpa. Via-se que estava visivelmente chateada pela seca mas não adiantou muito mais onde seria o seu destino final.
Os autocarros chegam e à diversos espanhois em grupos que dominam o panorama. No meio das perguntas e dúvidas à uma mulher que está completamente perdida. Não fala inglês nem francês e pergunta qual dos autocarros vai para Bruxelas. Explico-lhe em espanhol que vão todos e ela fica muito contente por eu ter percebido que ela fala espanhol. Digo-lhe que à excepção da executiva espanhola de que falei acima todos os espanhois se topam à legua quando tentam falar inglês. Ela auto-exclui-se e mostra-se colombiana. A conversa continua e rapidamente percebemos que vamos passar mais algumas horas juntos pois vamos exactamente para o mesmo aeroporto. A diferença é no check in que o meu è para o Porto e o dela para Madrid.
Para ela não é a primeira vez que vai ver o filho e sabe perfeitamente o que fazer quando chegarmos ao fim da linha de comboio, e tal como eu me mostrei disponível para ajudar, também ela se mostra. Todavia há informações contrárias e acabo por sair em Bruxelas North quando devia sair em Bruxelas Sul. Ainda hoje não tenho certeza do destino certo para o aeroporto pois acabei de vir de lá, e sai numa estação de comboios completamente diferente. O mais relevante é que tive que esperar pelo comboio seguinte e o atraso foi inevitavel. Quando saimos do comboio tinha 15 minutos para fazer o check in. A colombiana disse-me que o autocarro demorava pelo menos 15 minutos a chegar ao aeroporto. Salto do comboio e corro em direcção ao primeiro taxi que deslumbro. Atrás de mim vem a mala que voa entre passeios, degraus e buracos. Um pouco depois, em jeito de Minardi, lá vem a colombiana a quem convidei para vir no taxi. Pergunto ao taxista se fala inglês e já preparado para lhe explicar em inglês a minha situação volatil, e ele responde-me com um "No Monsieur." Fico atónito e por breves instantes acho que não há-de ser nada porque o meu francês vai finalmente servir para alguma coisa. Não que não tenha servido, mas servi-me do que se pode chamar dumas ossadas do meu extinto francês. Valeu que ele entendeu "a la tute la vitesse" , "aeroporto" e "check-in".
Estou orgulhoso do meu francês !!! :D Sai-me ainda o "Combien ca cute" (aceito correcções) e ele pede-me 2o euro-razões para me deixar no check in. Demora a arrancar, mas depois só paramos mais uma vez num semáforo verde, onde está um miúdo sinaleiro a deixar passar uma prova de ciclismo. Faço "pression" sobre o "monsieur" e ele fala com o miúdo. O diálogo mantêm-se durante longos e angustiantes segundos até que o TAXI DRIVER 4 arranca sem mêdo e destemidamente pelo estrada onde passam os ciclistas. Procuro fugazmente o meu cinto, pois além da estrada molhada o taxista não faz umas passagens de caixa muito seguras. - os ciclistas que se foodam. ( para os mais sensiveis "foodam" é um estrangeirismo que aproveito para anunciar na nossa língua e cultura. Pode ser intrepretado como "comam" e não deve ser visto como um erro de dactilografia onde foi impresso um "o" a mais).
O check in é feito já ao som dos últimos avisos para os passageiros com destino a Oporto, porém o piloto como civilizado que se pretende que seja havia de chegar 20 minutos depois de eu me sentar no avião. Também ele viu os ciclistas de camisola cor de rosa naquele dia cinzento mas de regresso au Portugál !
Os dias em Portugal foram salteados com pingos de chuva e raios de sol, com umas belas idas ao Porto. :) Faltou tempo para mais, sendo que foi já bom voltar a ver as pessoas que fizeram e fazem parte da nossa vida. Faltou ver muita gente, mas estou seguro do perdão desses que ficaram esquecidos na falta de tempo, incluindo vários do ISEP e ex-ISEP. (Mais uma vez as Sónia foi a Portugal ao mesmo tempo que eu e não estivemos juntos).
A expressão "ex-ISEP" é algo que não existe, pois uma vez Isepiano, Isepiano para sempre, mas voçês entendem.
Do meu quarto vê-se a neve que cai e aproveito para ver o meu primeiro salário na carta que me foi enviada. Acabo por não saber ao certo quanto recebo, pois a carta é em holandês e tem mais números que um calendário escrito em binário. O que interessa é que é como a neve, tá a cair. :P
