terça-feira, 10 de abril de 2007

Só pra quem estiver mesmo interessado em saber ...

Cá estou eu de novo em viagem. Aproveito as cerca de duas horas de viagem pra escrever qualquer coisa. Muito está por escrever porque o tempo voa, voa e nada há a fazer. Tanta coisa nos chama, e tanto mais queremos fazer para nada não ficar por ver e mexer. Viajo num comboio depois de ter apanhado um autocarro até à estação de Odense. O próprio bilhete de comboio entre Odense e Aarhus é válido para os autocarros e por isso posso ir directamente do meu jardim até à minha escala sem ter que pagar outro bilhete. São mais de 200km (não verifiquei) com uma mochila pesadíssima às costa, por 96 coroas dinamarquesas. (13 euros). Tenho avião amanha às 9:55 para voar para Espanha, Barcelona. Nunca estive no aeroporto de Aarhus, mas é muito estranho porque tenho que apanhar um autocarro específico para o meu voo. Valeu-me a experiência do Luca (IT) que já fez uma vez esta brincadeira e sabia ainda mais ou menos como preencher os dados na página dinamarquesa. Tenho que apanhar o meu BUS às 7:25 da manha. De lembrar que aqui é uma hora a mais, hoje é terça e foi no domingo que a hora mudou. O meu organismo está em choque. :D

Os dias já são bem maiores por cá. Quando cá cheguei era escuro já antes das quatro da tarde… Em menos de dois meses os dias esticaram mais de 3 horas e ainda não percebi a que hora nasce o sol. Sei que no dia maior do ano, nasce às 4 da manha e põe-se às 10:30. :o

Algo que não me tinha ocorrido antes, é que o pôr-se do Sol demora muito mais do que em Portugal. – “Faz lógica, ah! – Na Fança é que bom” O nascer deve ser idêntico, mas nunca me cruzei com esse momento. ;)

Recuando no tempo….

Acabei de ter a minha primeira experiência de voo… a descolagem deixou-me com um sorriso infantil na cara. Grande poder de aceleração. O poder da tecnologia e da engenharia empurra-nos contra o banco e vemos a nossa terra a fugir de nós. Minutos antes havia convencido o tuga no check in a apenas me cobrar 4 kilos de bagagem extra.

No dia seguinte, e depois de pôr a primeira mala em cima do tapete rolante para o check in na Air-Berlim ouço a chamada de atenção: “Only one bagage please”. Acabava de por 39 kilos em cima do tapete rolante e os outros 30 ainda esperavam por ser pesados.

Misteriosamente havia passado pelo check in da raynair com 69 kilos quando eles apenas permitem 15kg. Na Air-berlim a situação é diferente, mas 5 Kg não parece nada para os 69Kg que passaram a noite comigo no aeroporto. Havia que convencer mais uma alma que não era assim tanto peso e que havia outras pessoas que nada levavam.

Um exemplo perfeito disso foi senhor que me dirigiu a palavra logo pela manha no aeroporto, voluntariando-se para dividir o peso das minhas malas pelo bilhete dele pois não levava nenhuma bagagem. O curioso nesta história, ele não ia para Copenhaga. O caricato nesta história… ao fim de 3 minutos de conversa inglesa descobrimos que éramos ambos portugueses.

Do aeroporto de Stanted fica também a imagem de uma inglesa estúpida que, depois de me obrigarem a perder 10 minutos no chão do aeroporto, a pôr a mala do computador dentro da minha mala de mão, fez-me despejar tudo no tapete rolante… Depois quando eu demorei quase 10 minutos mostrou-se muito enxofrada comigo e eu não resisti em chamar-lhe paranóica. Apareceu logo um segurança que estava a ouvir a conversa discretamente e eu calei-me. Afinal é preciso baixar as orelhas quando não se têm saída.

O sol ainda não tinha nascido e eu estava na zona das free shops do airporto… um estrondoso imponente e apaixonante Lamborguini e um extravagante Carrega GT3 anunciavam uma dream list de carros exóticos. Por 20 contos já se comprava uma fracção da lotaria para um daqueles carros entre os quais um apaixonante Ferrari Modena e um impressionante Ferrari Scaghalti (provavelmente mal escrito).

Senti-me muito, muito, mas mesmo muito tentado a comprar uma fracção. No caso da sorte me calhar, o prémio incluía um ano de despesas incluídas. :o

Fugi, porque o meu coração deixou de bombear sangue para a razão e quase perdi o controle.

Embarquei e de novo um entusiasmante poder a fazer-nos descolar de uma pista cinzenta e molhada da noite chuvosa, ou não estivéssemos em Inglaterra. Passámos as nuvens e lá estava o sol à nossa espera para dar os bons dias a toda a Inglaterra. Vi depois no viamechin.com que ele vinha da Alemanha – Mas na Fança é que é bom. ;)

Seguiu-se uma viagem tranquila que terminou numa pista coberta de gelo que nos fez andar de lado depois de termos tocado o solo com uma força bastante diferente da sentida no meu primeiro voo. Dois meses depois só consigo explicar o que se passou através de um ESP qualquer no avião. Andámos de lado uns valentes metros a uma velocidade considerável até o avião se endireitar. Digo isto, porque no fim da viagem vi a fronha do piloto, e não era o Schumacher, apesar de estarmos em Berlim na cidade do muro que dividiu uma cidade, um país, um continente e um planeta.

Aqui não repeti a ignorância de esperar a mala no terminal errado e procurei o tapete rolante certo. Mas alguém estava disposto a brincar comigo, e mais uma vez fiquei a olhar para o tapete onde já toda a gente tinha pegado na mala, menos eu. Mas que porra, é mesmo este tapete, porque é que as malas não aparece. Lá fui eu a um segurança e expliquei-lhe que tinha acabado de chegar, mas que as minhas malas não tinham aparecido, ao que ele resolveu investigar. Investigou primeiro se havia malas ainda por saírem do avião e depois investigou o meu bilhete… ahhh, então não é que voltava a ser cromo – o meu voo fazia apenas escala em Berlim e por isso as minhas malas eram automaticamente transferidas para o avião que me havia de levar até à próxima capital europeia.

Depois de uma noite muito mal dormida no aeroporto de Londres e do cansaço já estar bem instalado quase embarquei na porta ao lado da correcta… Fui ao quarto de banho precisamente quando as duas portas de embarque foram abertas, e na pressa ia-me mandando não sei para onde. Mas orgulho-me de ter lavado as mãos.

Aterrámos no país de destino… lá foram estão zero graus mas não parece ser assim tão frio. Há que encontrar as malas… porra….não estavam à espera que eu à terceira tornasse a fazer um filme com as malas, pois não?!? – Peguei nas malas de uma forma decidida e acertada e fui para a parte dos comboios, tudo dentro do mesmo terminal. Ui… as malas tão aqui, mas comprar um bilhete numa máquina meia burra não foi fácil. Quem tem boca vai a Roma, e lá comprei o meu bilhete. Como tenho sorte nestas coisas arranjei um casal de dinamarqueses com um bebé que iam apanhar o mesmo comboio e saiam apenas duas paragens antes da minha. Foi fácil.

Uma viagem longa desde Copenhaga até Odense onde o Andrius, um lituânio me esperava na estação. Estuda também na SDU, vive no 105 do Christmas Moller e é um “Buddie”. Passei por ele tão destemido que ele não teve coragem de me chamar. Tive que lhe ligar e lá nos encontrámos junto a um restaurante dinamarquês: McDonnalds.

Já havia saído de casa há quase 48 horas e carregava comigo 69 Kg mais a bagagem de mão que acredito passar “com tranquilidade” os 20 kg. Apanhámos o BUS e lá fomos até ao espectacular Christmas Moller que vocês já conhecem.

Na mina casa estavam a Justina e a Eniko. Até ao fim do dia quase todos apareceram, menos a Sofie, o Adzer, a Anca e o Luca, este último andava perdido nos comboios da Europa e teve que “saltar” do comboio que o levava para o lado oposto, apanhar o seguinte no sentido correcto e depois fazer acreditar um taxista alemão que ainda era possível chegar a tempo ao voo. Na Dinamarca sucederam-se as chamadas para o telemóvel do Italiano que viajava sem saldo no telemóvel e sem dinheiro vivo, numa tentativa de o guiar até aos check points entre o “salto” e o aeroporto. Um verdadeiro filme parlato em italiano.

No dia seguinte lá fui eu numa bicicleta cedida pelo Fabiano (IT) para o dia 1 dos estudantes internacionais. Impressionante a quantidade de estudantes que a SDU recebe todos os anos. :O

Depois dos dias tão cansativos que havia ficado para trás a viagem para a universidade não foi fácil, mas hoje percebo que não tinha musculo nas pernas e que dar a volta ao enorme quarteirão não é a solução mais inteligente quando há uma atalho manhoso mas certeiro e quase na diagonal mesmo em direcção à SDU. :)

Voltando ao presente, deste passado:

Sai de casa à já quase duas horas e estamos a duas paragens do destino. À minha espera está o Henrique, um espanhol que conheci numa das inúmeras festas de erasmus e que está a viver em Aarhus (quando não vive no Christmas Moller num qualquer quarto espanhol).

Este mesmo Henrique teve a infelicidade de, a caminho da Cave – discoteca, não acertar com um atalho e entrou num lago artificial. Habilidosamente, não caiu da bicicleta durante a travessia, mas na hora de sair do lago a coisa complicou-se de tal forma que acabámos a viagem no quarto de banho da Cave para o Henrique poder secar as sapatilhas e os seus dois pares de meias. A noite acabou já não era noite e a Cristina foi o caminho todo a falar. Definitivamente Erasmus é bom; é muito bom.

Há resistentes que continuam a ler…

Hoje acordei na Residencial Avenida em Faro, Portugal e estou agora na residencial Ibérica que continua a ser em Portugal mas em Loulé. É giro viajar sem ter as coisas programadas. Depois de uma viagem entre Aarhus e Faro encontrei um taxista e com duas de treta levou-me à residencial Avenida mesmo em frente à estação de autocarros onde hoje apanhei o autocarro da organização do rali para o estádio.

Back,

Ontem levantei-me às 6:20, horas locais, para apanhar o autocarro até ao aeroporto de Aarhus. A primeira pessoa com quem falei no meu inglês já menos enferrujado foi curiosamente uma espanhola que vive em Barcelona e também esperava o mesmo autocarro para apanhar o mesmo voo. Chama-se Adriana, é bastante simpática e fizemos a viajem juntos no autocarro até ao aeroporto de fundo de quintal em Aarhus. Aí fizemos o check in juntos e ambos ficámos com a sensação que a mulher da Raynair não percebeu que Espanha e Portugal são países diferentes porque deu-me para a mão os dois passaportes juntos.
Na viajem já estivemos juntos porque chegámos atrasados ao avião e já não havia lugares juntos. Voei junto à asa mais uma vez e acho que o melhor sítio para voar é entre o meio do avião e a frente junto ao corredor central. Pelo menos na Raynair, se calhar em companhias decentes não há tanto barulho. :)

Depois em Barcelona despedimo-nos logo depois de ela apanhar a mala e corri para mais um check in feito à pressa. Pela segunda vez no mesmo dia tive que implorar que deixassem passar duas pequenas garrafinhas que trazia para o meu pai. Depois do check in, e também já depois de dois avisos nos altifalantes corri para um polícia espanhol e perguntei pela porta de embarque. Não era o única perdido e com cara de esgaziado. Atrás de mim vinha uma rapariga com uma cara angustiada com quem tivesse a correr pela vida. Uma palavra minha bastou para que ela me confirmasse que sim, que ia voar para Faro. Corremos até à porta de embarque número três ao som de murmúrios da boca dela. Estava visivelmente agastada e preocupada e agora percebo porque. Era Australiana, viajava há já vários números pela Europa fora desde o norte até ao sul, em Espanha, onde foi assaltada. Decidiu ir ao encontro de uma amigo em Faro e quando partiu do hotel na manha do voo, foi parar ao aeroporto errado. Quando finalmente descobriu que estava no aeroporto errado apanhou um taxista que lhe cobrou 200 euros pela viaja entre aeroportos. Sinceramente não sei a distância e se o preço é ou não esse, mas acho que os taxistas Portugueses não são os únicos aldrabões.

A porta número três só abriu poucos minutos depois de chegarmos ao fim da fila. Embarcámos e voltámos a não ter lugares juntos, mas eu fiquei na primeira fila do avião e pude vir com as pernas esticadas.

O comandante avisa-nos que vamos aterrar dentro de dez minutos, que o está um dia agradável em Faro e que estão, imagine-se, uns tórridos dezanove graus. Penso para mim mesmo qual será a sensação de dissipar a minha energia corporal para uma atmosfera a dezanove graus… claro que não penso nada disso e estou com um sorriso nos lábios porque estou no de volta não ao país de Camões, mas ao meu próprio país. Portugal está debaixo dos meus pés depois de uma aterragem feita em cima da praia. De dentro do avião nem sequer um ténue reflexo do asfalto transpira para o ar. Um areal sulista estende-se pelas minúsculas e espessas janelas que ainda à minutos mostravam o sol mais perto de mim.

Faro visto aos 22 anos de idade, depois de umas visitas esporádicas na minha infânica, parece-me uma cidade bonita e agradável. Olho à minha volta e estou no centro histórico. Percorro as ruelas, numa acalmia tão branda, que depois de dois dias a viajar parece-me um sonho que desejo gravar nas minhas memórias. As árvores das ruas estão carregadas de fruta e eu imagino os polacos ou os dinamarqueses aqui neste ambiente tão agradável a roubar fruta fresca directamente das árvores sem nunca ter viajo num camião TIR através da Europa até chegar aos países lá de cima do mapa que todos nós conhecemos. Rua atrás de rua vou andando quem nem um vagabundo com um casaco fora de época e uma saca verde da mercearia onde comprei uma coca-cola e um pacote de bolachas que agora me vai dando consolo ao estômago. Esbarro-me com uma oficina cheia de azulejos do século dezassete e dezoito. Anuncio-me como leigo na matéria mas após a primeira pergunta percebo que não colhi a simpatia do homem que ali trabalhava sozinho já perto das oito horas da noite. Os azulejos são magníficos e fazem inveja a qualquer um. Pergunto o preço de um enorme desenho que transformaria qualquer casa e recebo de resposta o preço de um mísero e minúsculo conjunto de quatro alojamentos. São uns arrepiantes noventa euros que me inibem de perguntar o que mais quer que seja. Fico-me pelo cartão da loja que não existe e que me leva a descobrir que o homem até agora bastante ríspido passa a ser uma pessoa bem mais comunicável porque é da Foz. Eu sou de Fafe, mas dada a situação engulo e afirmo que sou do Porto. A minha terra perdoa-me e sabe que não me orgulho de dizer que sou do Porto.

Fica mais um contacto, e mais um pedaço de história que aqui fica escrito.

O relógio marca já para lá das oito e meia, mas confesso que não sei que horas são e nem sei ao certo se tenho fome ou se é suposto ter fome. Passo pelo McDonalds aqui de faro peço dois hambúrgueres e um pacote de batatas fritas para acompanhar a coca-cola da mercearia e acabo do dia na cama a ver o jogo de Portugal que foi fraquíssimo. Fraquíssimo também estou eu depois de tanto tempo a viajar. Tenho sono e frio, apetece-me um banho e estou certo que o meu perfume é David Suor, mas acabo por adormecer e quebrar o meu recorde de horas na cama dos últimos dois meses. Durmo quase dez horas seguidas e acordo bastante melhor.

Real time,

Mas afinal o que faço na Residencial Ibérica em Loulé? Escrevo mais um pedaço deste blog e espero de uma forma crente e fiél que mais quatro aventureiros cheguem até o Algarve e habilidosamente sem mais demoras me encontrem. Vamos dormir a casa de um amigo do Rui de LESI, mas eles só tiveram o carro bastante mais tarde do que o previsto e portanto tenho mais duas horas para além das homólogas duas horas que já escrevi aqui.

Vi a SuperEspecial no bonito e por estrear estádio Faro-Loulé e sem dúvida que é um espectáculo muito bom. Aqui no hall de entrada da residencial a opinião parece ser unânime: podiam deixar a pista no estádio e há até quem sugira dois restaurantes no local na certeza da viabilidade económica face ao abandono do enorme investimento do 2004.

Falando em comida, jantei uns deliciosos panados, rissóis e até mesmo uma alheira assada em aguardente caseira, na auto caravana do Né, Bruno e Nelito que vieram de Fafe e me trouxeram uma mochila cheia de comida e roupa. Gentilmente deixaram-me aqui na bomba de gasolina combinada com o Hercílio e a qual tem a residencial. O tempo passa e estou já a “apenas” hora e meia da hora prevista para a eventual chegada da equipa pregoafundo. :) Vai valendo o muito movimento criado pelo rali, a simpatia da senhora da residencial e claro, das bolachinhas e dos sumos enviados pela minha saudosa Mãe.


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